Vista panorâmica da cidade de Québec

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Seis meses em Montreal...sobrevivemos.

Seis meses!
Já se passaram seis meses e o tempo é como areia numa ampola que se vai rapidamente.
O tempo passa depressa...
Quando olho para o dia três de março e decorro os meus olhos pelos meses que se passaram, nem consigo acreditar nas coisas que já fizemos até aqui.

As que eu já conquistamos, as que não conquistamos, o que já vimos e o que ainda não conhecemos, o que já aprendemos e o que precisaremos aprender (...)

O frio, a neve, as roupas pesadas, o fim do inverno.
O cinza e a lama que a neve se torna, o nascer das folhas, e o florescer de cada flor, as cores, o perfume e o colorido da primavera.
O verde, o brilho do sol, os dias mais longos, o calor e o canicule, finda-se o verão.
No momento as folhas amareladas começando a cair no chão, seja bem vindo o Outono.

"São tantas emoções", tanta novidade, lágrimas e muitos sorrisos, o encantamento e a descoberta de um novo mundo em contraste com a tristeza de estar longe de quem se ama.

C'est la vie...a mente e o coração de quem imigra. Tudo se parte , se divide. 
É um mar de sentimentos revoltos pelo vento e as estações. Como diz a bela canção;

"Um marinheiro só se faz
com tempestade no mar, 
que o ensina a velejar, 
são e salvo retornar, 
e a pipa só pode voar, 
se o vento forte a empinar, 
com sua força arrastar
seu corpo leve no ar"

Quando leio em jornais e sites, que muitos brasileiros estão "fugindo" da crise econômica, política e da falta de segurança no nosso país, eu penso se eles estão prontos para viver tão longe, tão cansados, e tão rapidamente mudar. Se estão realmente afim de abrir mão, abrir os braços, e principalmente abrir a cabeça...não é fácil.

Fazemos planos durante meses, juntamos dinheiro durante anos, estudamos durante muito tempo, mas quando chegamos aqui os dias surpreendem e tudo pode mudar, inclusive o número que havia em sua conta bancária, que se vai três vezes mais rápido, culpa de nossa moeda cada vez mais desvalorizada e isso interfere diretamente em seus planos e em suas metas, e lidar com isso vai exigir de você muita paciência.

Olha, você pode fazer muitos rascunhos e colorir tua agenda de compromissos e metas, mas eu te garanto, tudo, absolutamente tudo pode te fazer esquecer dos papeis que para trás ficam. Porém, eu recomendo, faz-se necessário adaptar-se às novas situações, quem sabe a uma tempestade ou mesmo o marasmo do mar. O que não podemos esquecer é que necessitamos SONHAR!

Quanto mais você sonhar mais forte ficará para caminhar, mesmo que pareça longe ou difícil, sonhe, e siga semeando esperança no caminho, com a certeza de que um dia voltarás colhendo o que plantou e te digo, esta é a lei da vida; o que plantares colherás.

Sinto saudades dos amigos, de gargalhar das piadas, de jogar conversa fora ou mesmo de chorar com eles. Sinto falta do cheiro da minha mãe com perfume de sabonete de quem acabou de sair do banho, do abraço apertado e sem jeito do meu pai, do colo da minha irmã e de brigar com o meu irmão, do cunhado, do sobrinho, dos primos, dos tios, de Mile, o cachorro da família...tanta falta fazem aqui. Nenhuma tecnologia é capaz de substituir a presença, eu te afirmo.

Não, não careço da comida do Brasil, nem de suas praias ou de seu clima (quando chegar o inverno a gente conversa) e nem tão pouco do "jeitinho brasileiro".

Não é fácil imigrar, não é simples começar de novo em outro país e não é fácil ter que aprender a falar novamente, como uma criança no jardim da infância, mas é bom mudar e se renovar, é rejuvenescedor conhecer outro país e suas belas paisagens, Oh! E que paisagens! E é excelente aprender novos idiomas e sobre outras culturas.

Se eu recomendo? Sim, mas só para os fortes. E sim, eu descobri...sou mais forte do que um dia imaginei ser. Estou viva! Estou firme! Estou feliz!



Et Voilà! Que venham mais seis meses, anos...



Linda Québec! E o Hotel Château Frontenac